
As redes sociais e o fácil acesso a pornografia na internet fazem do papo sobre sexo um verdadeiro campo minado para os pais.
Na semana passada, o alerta de uma professora de 24 anos sobre a atividade sexual de seus alunos adolescentes, no Reino Unido, chamou a atenção para a necessidade de os pais conversarem com os filhos sobre o assunto - mas qual seria a melhor abordagem?Tolerar o constrangimento
Para muitos pais, falar sobre sexo com os filhos é constrangedor. Mas o psicólogo clínico Abigael San adverte que os pais têm que colocar esse tipo de sentimento de lado. "Como adultos, os pais, têm que aceitar o constrangimento e não deixar isso criar uma barreira", explica. "Lidar com o constrangimento que uma conversa como essa traz passa a mensagem que você está lá por eles, para falar sobre questões que envolvem sexo e consentimento", completa.Não fale diretamente sobre eles
De acordo com San, colocar o foco da conversa em outra pessoa, em vez do filho, é um bom ponto de partida. "É um pouco mais seguro falar na terceira pessoa, quando se trata de outra pessoa." "Às vezes, a oportunidade pode surgir quando eles estão lendo um livro ou vendo um filme que você conhece. Você pode falar sobre o que está acontecendo na história", explica. "Pode ser uma cena de sexo em um filme, por exemplo. Você pode comentar, dar seu ponto de vista e ouvir a perspectiva deles", acrescenta. Histórias de amigos e parentes também podem ser uma deixa. "É uma maneira de abordar determinada experiência e o que representou para a pessoa - onde ela talvez tenha errado, o que poderia ter feito e que tipo de pressões pode ter sentido."Não troque de canal
Se aparecer uma cena de sexo na televisão, as crianças vão observar a reação dos pais. Por isso, é importante refletir antes de agir. "Se você trocar o canal, mudar de assunto ou fizer uma piada sempre que o tema sexo surgir, seus filhos terão mais propensão a achar que o sexo é perigoso, embaraçoso ou algo para se vergonhar ou ter medo", explica a instituição Family Lives. Essas ocasiões devem ser usadas como uma oportunidade para conversar sobre o tema. "Eu acho que essas situações - em vez de ficar todo mundo encolhido no sofá - podem ser usadas como temas para conversas dentro da família, onde eles se sentem seguros e capazes de explorar essas questões", afirma Kathryn Mabey, chefe do departamento de Educação pessoal, social, econômica e de saúde da Burntwood School, em Londres.Ensine a dizer não
Uma criança que gosta de acompanhar os colegas mais travessos, pode ter menos segurança em dizer não, quando se trata de atividade sexual. Segundo San, os pais precisam transmitir aos filhos, desde cedo, a mensagem de que eles não têm que fazer coisas que não querem - como se exibir na sala de aula ou ser rude com a professora - só porque estão sendo incitados pelos colegas. "São meras situações sociais e mostram princípios sólidos em relação a isso - a defender suas coisas, manter a autoconfiança e não ceder a pressões". "Desta forma, você enraiza valores sobre não ceder e não fazer algo que você não queira. Assim, quando eles forem mais velhos e chegar a hora dessa conversa, soará como algo familiar".Aprenda sobre as redes sociais
Para Kathryn Mabey, o uso excessivo das redes sociais é o principal fator de preocupação quando se trata de jovens se colocarem em situações difíceis sexualmente. E o fato de os adolescentes de hoje serem nativos digitais, diferentemente dos pais, também não ajuda. "Muitas vezes, os jovens acham que não podem falar com os pais sobre isso porque eles não vão entender, já que não sabem nada sobre Instagram e afins."