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Artigo

Paralimpíada: o que é capacitismo e por que os Jogos são uma oportunidade para combatê-lo
10/01/2024 Priscila Germosgeschi

A cerimônia que abriu os Jogos Paralímpicos de Tóquio trouxe ontem um mosaico de mensagens que devem dar o tom do megaevento, da paz à busca por inclusão, passando pela valorização das diferenças. Mas um termo ficou fora da festa e também deve ser barrado por você: superação. Essa expressão, campeã de menções, é o principal reflexo de uma visão capacitista que o movimento deseja abolir.

Verônica Hipólito, medalhista de prata e bronze no atletismo na Rio-2016, vê avanços na discussão e identifica um crescente interesse do torcedor em adequar seu vocabulário às ambições dos atletas:
— Hoje, a informação está mais democrática. Com as redes sociais, todos temos mais voz. As pessoas estão entendendo que o movimento paralímpico não é de coitadinhos e sim de atletas de alto rendimento.

O capacitismo — isto é, o preconceito cuja dinâmica reduz a pessoa à sua deficiência — está por trás de outras expressões que devem ser substituídas. O atleta paralímpico não é portador de nada, sequer um indivíduo com necessidades especiais. Ele é uma pessoa com deficiência (PcD, numa sigla muito recorrente).
— Pessoa especial é aquela de quem você gosta muito e leva para comer uma pizza — brinca Verônica, antes de resumir. — Atleta é atleta.

Por outro lado, não é preciso ter receios ao nomear a deficiência de determinado esportista: ser cego ou amputado não é uma condição da qual ele queira se livrar e sim uma característica, assim como o são a estatura alta ou baixa, o cabelo curto ou comprido, e por aí vai.
Isso não representa um sinal verde para usar termos pejorativos, como “aleijado”, ou questionar a classificação de um atleta: a deficiência dele não precisa estar visível ao torcedor comum. Todos os qualificados para os Jogos Paralímpicos foram submetidos a exames rigorosos e têm suas categorias revistas periodicamente.

— Na dúvida, pergunte — orienta Verônica. — Mas é importante saber que os Jogos são sobre medalhas e recordes. Meus treinadores sempre dizem: se estiver no treino e vomitar, limpe a sua boca e volte. Não importa se não tem braço ou perna, ou se sua prótese saiu. No esporte de alto rendimento, a gente compete para ganhar.

Desfile com simbolismos
 
Parte dos candidatos a brilhar em Tóquio desfilou ontem na cerimônia realizada no Estádio Nacional do Japão. Muitos ficaram na Vila em virtude dos cuidados extras impostos pela pandemia. Até o próximo dia 5, um grupo recorde de 4.403 esportistas disputarão medalhas em 22 modalidades, com as adesões do taekwondo e do parabadminton.

A parte artística da abertura misturou elementos tradicionais da cultura japonesa e referências mais modernas, com uma abordagem melancólica na primeira parte e efusiva na segunda. Um ponto alto foi a entrada dos Agitos verde, vermelho e azul, que formaram o símbolo paralímpico, além de jovem Yui Wago, de 13 anos, que representou um avião com apenas uma asa, na metáfora que passou a mensagem de que “todos temos asas”.


Mas, como de costume, o destaque mesmo foi a Parada das Nações, desta vez desfalcada por países que, em virtude da Covid-19, decidiram não participar dos Jogos e por outros que, como a Nova Zelândia, preferiram resguardar seus esportistas para as competições e foram representados apenas por voluntários.

O Brasil participou da festa, mas de maneira reduzida, também por conta da pandemia. Evelyn Oliveira, da bocha, e Petrúcio Ferreira, do atletismo, carregaram a bandeira do país.
Também houve um momento de simbolismo com a entrada da bandeira do Afeganistão. Por conta da instabilidade política desde que o Talibã retomou o controle do país, os dois atletas classificados para os Jogos não conseguiram embarcar. O Comitê Paralímpico Internacional (CPI), porém, escalou um representante para desfilar com o símbolo.

Antes de o imperador Naruhito declarar os Jogos oficialmente abertos, o brasileiro Andrew Parsons, presidente do CPI, discursou sobre o alívio da realização do evento, um ano após o planejado, e sobre o papel dos atletas paralímpicos.
— Vocês são o melhor da humanidade e os únicos que podem dizer quem e o que são. Vocês são a verdade, são extraordinários — afirmou o dirigente brasileiro.

O acendimento da tocha paralímpica — colocada numa posição mais baixa para melhor interação dos atletas cadeirantes — aconteceu de forma tripla pela primeira vez na História. Os escolhidos foram Yui Kamiji, do tênis sobre cadeira de rodas, Shunsuke Uchida, da bocha, e Karin Morisaki, do halterofilismo.

fonte: https://oglobo.globo.com/esportes/toquio-2020/noticia/2021/08/paralimpiada-que-capacitismo-por-que-os-jogos-sao-uma-oportunidade-para-combate-lo-25169473.ghtml

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