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Equipe eCycle
Image de Gordon Johnson e kmicican em Pixabay
Você já parou para pensar em como funciona a inteligência do planeta? Esse grande organismo vivo se gere e autorregula em um processo cíclico. A energia é provida pelo Sol em abundância e todo o ”lixo” de uma espécie é alimento de outra. Tudo nasce para depois morrer e se transformar em energia para o ambiente novamente. O ciclo funciona em harmonia - ou deveria. O ser humano cada vez mais desequilibra essa balança e torna difícil para os serviços ecossistêmicos suportarem ou se recuperarem. No entanto, certos estudiosos apontam que a economia circular pode ser uma solução para minimizar o impacto humano no meio ambiente.
O sistema de economia circular agregou diversos conceitos criados no ultimo século, como: design regenerativo, economia de performance, cradle to cradle – do berço ao berço, ecologia industrial, biomimética, blue economy e biologia sintética para desenvolver um modelo estrutural para a regeneração da sociedade.
A economia circular é um conceito baseado na inteligência da natureza e que se opõe ao processo produtivo linear, onde os resíduos são insumos para a produção de novos produtos. No meio ambiente, restos de frutas consumidas por animais se decompõem e viram adubo para plantas. Esse conceito também é chamado de “cradle to cradle” (do berço ao berço), onde não existe a ideia de resíduo, e tudo serve continuamente de nutriente para um novo ciclo.
Transportando essa dimensão para a indústria de produtos, a cadeia produtiva seria repensada para que peças de eletrodomésticos usadas, por exemplo, pudessem ser reprocessadas e reintegradas à cadeia de produção como componentes ou materiais para a fabricação de outros produtos eletrônicos.
A economia circular é a ciência que repensa as práticas econômicas, indo além daqueles famosos três "R"s – reduzir, reutilizar e reciclar – pois ela une, pelo menos na teoria, o modelo sustentável com o ritmo tecnológico e comercial do mundo moderno, que não pode ser ignorado.
Atualmente, nosso sistema produtivo funciona de forma linear, o que não é sustentável devido à exploração excessiva de recursos naturais e ao grande acúmulo de resíduos. Nós exploramos a matéria-prima, produzimos bens e depois os descartamos. A obsolescência programada gera resíduos que não recebem novos usos e se acumulam exponencialmente. Comparando com os países da América Latina, o Brasil é o campeão de geração de lixo, produzindo cerca de 541 mil toneladas por dia, segundo dados da Organização das Nações Unidas.
Além dos resíduos gerados, o esgotamento de matérias-primas também é uma grande preocupação. De acordo com o relatório da Ellen MacArthur Foundation – organização que estuda e estimula a adoção da economia circular -, cerca de 82 bilhões de toneladas de matéria-prima são inseridas no sistema produtivo mundial a cada ano.
Ícone por kmicican em Pixabay. Imagem por Portal eCycle
E se, em vez do modelo em que se descartam os materiais não biodegradáveis, como máquinas de lavar roupa, smartphones, televisores, existisse outro em que esses materiais retornassem ao ciclo produtivo? Se eles fossem levados de volta a suas respectivas fábricas, desmontados, otimizados e trazidos de volta para nós? A economia lucra com a ausência de desperdício - e o planeta também! Em vez de uma reta final para os produtos, um novo ciclo: transformando resíduos em insumos, em nova matéria-prima. São novos “R”s que entram: de economia restaurativa e regenerativa. O que era fim é só um novo começo.
Para o desenvolvimento sustentável, deve-se controlar estoques finitos e equilibrar os recursos renováveis. Um primeiro passo é desmaterializar produtos e serviços (sistema que valoriza a função, a utilidade e nem tanto o produto em si). Além disso, há a necessidade de aprimorar a eficiência na criação de produtos e no reaproveitamento deresíduos sólidos. Já na concepção, os produtos devem ser feitos com materiais facilmente recicláveis e não perigosos (substâncias puras, não tóxicas e segregáveis). É fundamental reduzir a contaminação para maximizar a circulação dos materiais. Os objetos devem ser concebidos para a remanufatura, a reforma e a reciclagem. Artigos com componentes e materiais no mais alto nível de utilidade, tanto no ciclo técnico quanto no biológico, otimizam a produção de recursos. Desse modo, componentes e materiais continuam circulando e contribuindo para a economia.
A economia circular segue uma utilização racional dos recursos. Com o uso em cascata dos materiais, eles permanecem o maior tempo possível na economia. Após um produto chegar ao fim de seu ciclo para o primeiro consumidor, ele pode ser compartilhado e ter sua utilização ampliada. Posteriormente ao esgotamento de reúso do artefato, ele pode ser material de upcycling (reaproveitamento), reformado, remanufaturado e, como última etapa, reciclado. As alternativas de reciclagem atuais operam sobre bens de consumo que não foram projetados com este cuidado. A economia circular parte da proposta de desconstruir o conceito de resíduo com a evolução de projetos e sistemas que privilegiem materiais naturais que possam ser totalmente recuperados.
A Fundação Ellen MacArthur é especializada em difundir e apoiar a mudança das empresas para esse novo modelo, que é capaz de gerar mais de um trilhão de dólares de lucro para a economia global. Foi criada uma rede de parceria entre empresas (líderes e emergentes) para colaborarem no salto coletivo para essa nova estrutura. Essa união foi chamada “CE100” (Circular Economy Hundred) e nomes como Coca-Cola, Unilever, Philips e Renault estão na lista.
Além da vantagem comercial, a parceria também cria uma rede coletiva para a solução de problemas, proporciona a construção de uma biblioteca com guias práticos para os respectivos negócios alcançarem sucesso com rapidez e viabiliza mecanismos para integrar a economia circular dentro de cada empresa.
Parece utopia para você? Pois saiba que diversas empresas já adotam essa abordagem. Em parceria com a Fundação Ellen MacArthur, o Google quer incorporar o conceito de economia circular na infraestrutura, na operação e na cultura da empresa.
O funcionamento desse sistema, no entanto, não depende apenas das empresas, mas de todos os envolvidos no ciclo de vida de um produto, que precisam entender seu papel nesse novo modelo. O consumo deve ser desacelerado e consciente. Vivemos em um mundo com relações de produção e comércio globalizadas, por isso há necessidade de disseminar o conceito de economia circular mundialmente.
Diversos países sabem da importância e estão progressivamente implantando os conceitos. A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), lei implantada no Brasil em 2010, visa garantir a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos, a operação reversa e o acordo setorial. Assim, todos os agentes do ciclo produtivo, os consumidores e os serviços públicos devem minimizar o volume de resíduos sólidos gerados e adotar práticas que assegurem que os produtos sejam reintegrados ao ciclo produtivo. Na China, a economia circular faz parte da Lei de Promoção da Produção Limpa, promulgada em 2002. Medidas como a rotulagem ecológica de produtos, difusão de informações sobre questões ambientais na mídia e cursos oferecidos pelas instituições de ensino são importantes para familiarizar a sociedade com a economia circular.
Diferentemente do Brasil, no resto do mundo há sinais importantes de que a ideia de transição para a economia circular e suas práticas regenerativas está avançando.
O Parlamento Europeu aprovou, recentemente, uma classificação baseada em seis objetivos, que visa orientar investimentos públicos nos países do bloco que precisam atingir metas já estabelecidas nos acordos do clima, nas diretrizes contra a poluição de rios, mares e nos compromissos internacionais em relação aos resíduos.
Com isso, se espera que seja possível indicar as iniciativas que convergem para a proteção e regeneração do meio ambiente, bem como desincentivar negócios que são empacotados com marketing ecológico, mas que não são comprometidos de fato com um futuro sustentável.Serão considerados sustentáveis empresas e projetos que contribuam com ao menos um dos seis objetivos ambientais contidos na classificação:
No detalhamento do item referente à economia circular, o regulamento considera que uma atividade econômica contribui para a transição ao novo modelo, se:
Além dessa taxonomia dos investimentos sustentáveis, um anúncio do no Financial Times foi assinado por CEOs de algumas das maiores empresas do mundo e administradores públicos reafirmando compromisso com a transição para a economia circular. Os signatários afirmaram que estão empenhados em acelerar a transição com soluções para plásticos, moda, alimentos e finanças. O compromisso das empresas aponta diretrizes para cada cadeia produtiva:
Coca-cola, Pepsico, Unilever, Nestlé, Veolia, Danone, Renault, H& M, L’Óreal e Amcor são algumas das empresas que assinaram o acordo. Representantes da França, Holanda e das cidades de Londres e São Paulo também assinaram a peça, junto com a Fundação Ellen Macarthur.
Confira o vídeo da Ellen MacArthur Foundation que ilustra de maneira simples o que é economia circular:
Fonte: Ellen Macarthur Foundation
Fonte: https://www.ecycle.com.br/2853-economia-circular.html