Aguarde, carregando...

X

Fale Conosco:

Aguarde, enviando contato!

Artigo

Enquanto a fome global dispara, o agronegócio fatura
15/02/2022 Priscila Germosgeschi

Enquanto a fome global dispara, o agronegócio fatura

Preços dos alimentos atingiram o nível mais alto desde 2011, de acordo com a ONU. Caos que a pandemia gerou na cadeia produtiva atinge principalmente África e América Latina . Mas ruralistas batem recordes de exportação

Não é “muito exagero” dizer que o planeta se aproxima de uma crise global generalizada de alimentos, afirmou recentemente Maurice Obstfeld, membro do Instituto Peterson de Economia Internacional e ex-chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI). E é isso que aponta um recente índice, divulgado na última quinta-feira (3), pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), mostrando que os preços dos alimentos atingiram seu nível mais alto desde 2011 – embora alguns países, grandes exportadores, sigam quebrando recordes.

Mesmo antes da pandemia, os preços da comida que chega ao supermercado já vinham crescendo. Mas, desde 2020, o mundo enfrenta interrupções na cadeia de suprimentos global, climas cada vez mais adversos, aumento nos preços da energia e dos combustíveis – e tudo isso encarece os produtos em uma escalada preocupante. Dados do FMI mostram que a inflação média de alimentos em todo o mundo atingiu 6,85% em dezembro. Entre abril de 2020 e dezembro de 2021, o preço da soja subiu 52% e o do milho e do trigo cresceu 80%, enquanto café subiu 70%, em grande parte devido às secas e geadas no Brasil.

Os efeitos são sentidos de maneira desigual: maior parte da Ásia e EUA seguem menos afetados, enquanto o mau tempo, restrições pandêmicas e conflitos na República Democrática do Congo, Etiópia, Nigéria, Sudão do Sul e Sudão interromperam as rotas de transporte e aumentaram os preços dos alimentos na África. Joseph Siegle, diretor de pesquisa do Centro Africano de Estudos Estratégicos da Universidade de Defesa Nacional, estimou que 106 milhões de pessoas no continente enfrentam insegurança alimentar, o dobro do número desde 2018. Países como Rússia, Brasil, Turquia e Argentina também sofreram com a desvalorização de suas moedas em relação ao dólar.

Enquanto isso, grandes países centrais na produção de alimentos, como Brasil e Argentina, quebraram recordes de exportação, com um avanço devastador do agronegócio, apesar da pandemia. É o que mostra uma matéria do site Alimentos y Poder: No país argentino, a agroindústria fechou 2021 com contribuição recorde para o PIB (16%). No Brasil, os resultados da exportação aumentaram 19,8% em relação a 2020. Mas toda essa “abundância” não chega à mesa da população – principalmente por causa da destruição de programas de fortalecimento da agricultura camponesa, da interrupção da distribuição de merendas escolares e da valorização de commodities para a exportação, como a soja.

Durante o governo Bolsonaro, o Brasil, só em 2021, liberou 550 novos venenos agrícolas – muitos, proibidos na Europa e EUA. Também vem aumentando a expansão da fronteira agrícola – tudo às custas da derrubada da Amazônia: o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) estima o desmatamento de 13.235 km² na Amazônia Legal de agosto 2020 a julho de 2021, equivalente à maior área degradada da floresta amazônica em um período de 12 meses nos últimos 15 anos. A agricultura comercial em larga escala, principalmente para plantio de soja e pecuária, é hoje a principal causa do desmatamento na América Latina.

 

FONTE: https://outraspalavras.net/outrasaude/enquanto-a-fome-global-dispara-o-agronegocio-fatura/

Tags



Posso Ajudar?

Este website utiliza cookies próprios e de terceiros a fim de personalizar o conteúdo, melhorar a experiência do usuário, fornecer funções de mídias sociais e analisar o tráfego.
Para continuar navegando você deve concordar com nossa Política de Privacidade.

Sim, eu aceito.