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A oferta de serviços e apps que ajudam não somente incluir, mas desenvolver e proporcionar maior independência a pessoas autistas e com deficiência visual
27 JUL 2020 | GERAÇÕES SEM IDADE
A tecnologia não só pode, como deve democratizar os espaços sociais auxiliando no desenvolvimento e inserção de pessoas comumente à margem dos grandes novos desenvolvimentos tecnológicos. Essa marginalidade não se dá somente por diferenças temporais – de geração – mas também por qualidades físicas e biológicas que requerem maior pesquisa e empatia nos desenvolvimentos projetuais.
Algumas iniciativas já encontram forte adesão de pessoas e empresas, como, por exemplo, a hashtag #pracegover. A hashtag tem por princípio a descrição de conteúdos imagéticos e de áudio, seja no Facebook, Instagram ou em qualquer outra plataforma, para que deficientes visuais também consigam acessá-los. De acordo com Patricia Braille, criadora do projeto, grandes empresas nacionais e internacionais aderiram ao uso da hashtag, pavimentando o caminho para mais e mais pessoas adotarem esse recurso.
PORÉM, ESTÁ NA HORA DE IRMOS ALÉM DO #pracegover
Segundo o último censo feito pelo IBGE, em 2010, estima-se que o Brasil possua cerca de 2 milhões de autistas e 6,5 milhões de deficientes visuais. Essa é uma grande parcela da população que representa uma força de consumo e também de trabalho negligenciada, já que sua inserção tecnológica possui especificidades.
A tecnologia de hoje, cada vez mais visual, pode não oferecer recursos suficientes para pessoas com deficiências visuais.
Aplicativos como Be My Eyes, que conectam pessoas cegas e com baixa visão a voluntários com visão para obter assistência por meio de uma videochamada ao vivo, promovem maior independência e qualidade de vida para essa parcela da população. Com o aplicativo, voluntários conseguem ajudar usuários que necessitam identificar desde cores e valores de notas de dinheiro até mesmo instruções para uso de algum equipamento.
Fonte: Be My Eyes
Nesse mesmo sentido, há start ups desenvolvendo tecnologias ainda mais completas, como a inglesa Wayfindr, cuja missão é capacitar as pessoas com deficiência visual a viajarem de forma independente por transportes públicos, incluindo uma navegação por áudio acessível.
Essas iniciativas vão além de outras já conhecidas, como a leitura de telas e descrição de imagens – principalmente com a hashtag #pracegover, mencionada anteriormente. Softwares que dão acessibilidade a deficientes visuais pela leitura do conteúdo das telas são extremamente importantes igualam o acesso à informação.
É preciso, no entanto, que profissionais de produção de conteúdo e designers saibam mais sobre como essas ferramentas funcionam para projetar páginas web e conteúdos – seja ele textual ou visual – o mais acessíveis possível.
Como contribuir para a acessibilidade de deficientes visuais na internet:
ACESSIBILIDADE TAMBÉM PARA AUTISTAS
Além de pessoas com deficiência visual, há outra minoria social que pode encontrar maior independência através da tecnologia: as pessoas autistas. De acordo com o site Autism Speaks, fazer amigos ou se comunicar com outras pessoas online pode ajudar autistas a trabalharem habilidades sociais que podem ser traduzidas na escola, no trabalho ou na comunidade.
O transtorno do espectro autista (TEA) é um grupo de distúrbios do desenvolvimento neurológico de início precoce, caracterizado por comprometimento das habilidades sociais e de comunicação, além de comportamentos estereotipados.
FONTE: HOSPITAL ISRAELITA ALBERT EINSTEIN
É importante frisar que o autismo é um espectro, atingindo cada indivíduo de maneira diferente, podendo apresentar-se em grau elevado, requisitando maior cuidado e tratamentos mais intensivos, mas também em graus leves, com indivíduos que possuem ativa vida social. Sua característica mais percebida, porém, é a dificuldade de socialização, causada em parte pela dificuldade de interpretação da linguagem corporal, da entonação de voz e de metáforas.
Pelo autismo apresentar características tão diferentes de pessoa para pessoa, você pode estar se perguntando, afinal, como é ser autista? Essa foi a pergunta feita em um fórum do Reddit há 2 anos e que conectou usuários autistas compartilhando suas diversas experiências de vida através de depoimentos:
“Sinto que faço parte de uma peça em que todos têm o roteiro, menos eu.”
USUÁRIO BACONLIGHTNING
“Minha analogia é imaginar estar em um país onde ninguém fala inglês e você não fala o idioma deles. Você não possui um livro de frases, mas possui um dicionário de tradução. Então você está falando as palavras, mas a sintaxe está muito distante, sem mencionar sotaque e pronúncia. Você pode pensar que está fazendo sentido e se comunicar bem, mas realmente as pessoas ficarão confusas com você.”
USUÁRIO MRHELMAND
“É muito, muito solitário. Estar desesperado para sair e ficar com as pessoas, mas ao mesmo tempo não ter idéia de como interagir com elas. Deixado de fora de toda conversa. Completamente ignorado.”
USUÁRIO APJASHLEY1
As redes sociais online, segundo a Autism Speaks, pode ajudar pessoas autistas a crescerem suas vozes, oferecendo um espaço de expressão onde estão confortáveis e com mais segurança.
Projetos educacionais visando o desenvolvimento e inserção de crianças autistas usando a tecnologia também estão crescendo. Um exemplo é o Brain Power, primeiros óculos de realidade aumentada do mundo para autistas, impulsionado via crowdfunding.
Em um dos aplicativos dos óculos, Emotion Charades, a pessoa vê um emoji flutuando nos dois lados do rosto de alguém e, em seguida, inclina a cabeça para escolher o que corresponde à expressão facial. Ao mesmo tempo, o software da Brain Power monitora automaticamente o desempenho dos jogos, bem como a linguagem corporal e verifica sinais de ansiedade.
Fonte: Brain Power
Outro projeto, brasileiro, o Auts aposta no lúdico, contando com um aplicativo, um desenho animado e jogos online. Nos desenhos em vídeo, as cores usadas são primárias e secundárias, com alto contraste de informações, tudo para causar o menor estresse possível. Há episódios específicos que relacionam formas geométricas com objetos do cotidiano, ampliando a livre associação das crianças.
Fonte: Auts
Em termos de acessibilidade, é preciso pensar em como projetar aplicativos, sites e conteúdos com a maior acessibilidade possível para autistas, a fim de integrá-los cada vez mais à sociedade.
Como contribuir para a acessibilidade de autistas na internet:
Arte: Gabriela Costa / Imagens: iStock by Getty Images / Texto: Gustavo Kievel